2007/06/10

 

NÓS POR CÁ....NEM TUDO BEM !

Falar de Maçãs é um exercício que, não sendo difícil é de algum arrojo, e porquê? Em primeiro lugar porque passados trinta e três anos da implementação da democracia, há por aí muito boa gente para quem os outros não deviam ter opinião ou melhor, não têm opinião. Discordar ou ter uma ideia diferente, é para alguns, sinónimo de atacar, ofender, deitar abaixo, “novos sinónimos quiçá a utilizar na elaboração dum dicionário próprio”, certamente de pouca utilidade e aceitação nula, como nulo e vazio seria o seu conteúdo.
Em segundo lugar porque, à falta de obras e projectos merecedores dum elogio pela positiva, de obras cuja divulgação transmita a ideia de uma terra em evolução e progresso onde dê gosto viver, resta-nos na maioria dos casos, falar do que está mal, ou melhor dizendo, e porque não somos a qualquer pretexto os velhos do Restelo, daquilo que em nossa opinião, está menos bem. Já aqui falámos das obras, cuja utilização fica anos-luz aquém do que justificaria o investimento efectuado. E porquê? Porque se fazem obras que não têm o competente acompanhamento com projectos que lhes dêem utilidade, que sejam sinal de movimentação, da existência de vida, sinónimos de progresso e modernidade por estas bandas.
Hoje, apetece-nos falar das “grandes obras” e lembrar o que sendo para nós defeitos de projecto, eram simplesmente evitáveis se alguém com responsabilidade pelo que se faz por aqui, se tivesse debruçado sobre as mesmas, fazendo d’elas a análise que se impunha, em termos não só estéticos mas de mobilidade na sua utilização prática. Reiteramos a ideia de que salvaguardamos sempre o positivo da sua construção, e a certeza de que Maçãs de Dª. Maria, seria mais pobre sem elas. Não vamos a qualquer pretexto, dizer mal do que está feito até porque, a sua existência é uma realidade e a sua utilidade será sempre aquela, que os maçanenses lhes quiserem dar.
No mercado, quando se houve reclamar, aqui d’El Rei que está mal construído, e se vão apontando defeitos consoante o interesse do utente, etc. e tal, os utilizadores não deixam de ter alguma razão. A localização não terá sido a mais bem conseguida e há limitações no plano geográfico, que condicionam a arquitectura. Todos sabemos que em cada obra fica sempre, por imposição própria, ou não, o cunho do seu projectista, pró bem e pró mal, e o que para uns possa parecer um mamarracho, é para outros uma obra de arte, perfeitamente conseguida. Questões de opinião. O que não percebemos é porque, acedendo ao mercado pela entrada principal, nos deparamos com dois pilares enormes, que achamos perfeitamente dispensáveis e inestéticos, precisamente no meio da zona de movimentação do público, já de si apertada, reduzindo e complicando a mobilidade de comerciantes e consumidores. A separação do mercado em duas naves com um estreito corredor de separação é outro aspecto que tem a crítica negativa dos utilizadores e com a qual concordamos. Comparativamente a outros mercados da região e de maior dimensão achamos o projecto mal concebido e que não teve devidamente acatada e estudada a sua finalidade. O que para nós parece ser um desperdício na robustez de certas estruturas, entendam-se pilares sem estilo e exagerados para a finalidade, terá sido subtraído na preparação dos espaços envolventes, em degradação acelerada. Uma obra desta envergadura merecia outra atenção, outro acompanhamento. Alguém terá descuidado as suas obrigações.
Do pavilhão Multiusos, e no que se refere ao auditório, já nos referimos noutros posts. O que em relação ao mesmo hoje nos traz à escrita é o chamado parque de estacionamento. E dizemos “o chamado” porque não conseguimos perceber que concepção ou conhecimentos de parques de estacionamento tinha o projectista ou quem aceitou o projecto, para fazerem aquele espaço que de parque de estacionamento tem muito pouco. A quantidade de pilares existentes induz o observador para a existência no piso superior, de uma qualquer obra faraónica, o que não é verdade. São 15 pilares, alguns com pouco mais de um metro entre si, que suportam um terraço ajardinado e não só reduzem como complicam o estacionamento no local. Conhecemos por esse país fora, inúmeros parques de estacionamento debaixo de prédios com dezenas de andares e cuja mobilidade não tem qualquer semelhança com a possível neste estacionamento. Desde a redução dos lugares de estacionamento, às dificuldades em estacionar, são culpa dos inestéticos e dispensáveis pilares colocados em demasia.
Passemos para o exterior e, saindo do estacionamento, acede-se à parte superior ao nível do mercado, por uma escadaria colocada do lado nascente. Esta escadaria e por imposições de localização inicia-se na base com uma medida, terminando com cerca do dobro, sendo que, metade frontalmente com o jardim, apenas com um capeado de separação. Tudo bem até aqui, não fosse a colocação da grade de protecção. Assim, a grade de protecção em ferro, foi colocada na base da escada, em esquadria com a parte norte da mesma, vindo a terminar ao cimo, a meio da mesma. Entende-se assim, que metade da escada é puramente inútil e foi dinheiro mal gasto porquanto, não se trata duma qualquer obra que, pela sua qualidade ou arrojo seja um regalo, para os olhos de quem observa.
Um outro senão mas cuja importância é relevante, é o acesso para deficientes. Não percebemos porque é que tal acesso foi colocado lateralmente ao edifício, do lado norte da Junta, obrigando os utilizadores a contornarem todo o edifício onde se encontra a sede da autarquia, fazendo quase 360 graus para entrarem no auditório ou na Junta, quando o poderiam fazer directamente da rua que lhes dá acesso. Concluímos quem nem o projectista, nem ninguém com responsabilidades locais, têm nas respectivas famílias, alguém com necessidades especiais. Problemas dos outros?
Não, problemas de todos nós. Deveriam ter pensado nisso.
E isto não é mera opinião do que deveria ter acontecido. É uma obrigação.
Quando nos referimos aos senãos dos projectos entendemos que, em nossa opinião, a arquitectura não teve como devia, a colaboração da engenharia e vice-versa. Se assim fosse, muitas das anomalias indicadas teriam sido evitadas. Repare-se por exemplo no capedo em pedra à volta da capela, do lado da praça e que terminou fora do alinhamento com os degraus da escada e que obviamente, iria terminar um dia partido como está, pela acção de um qualquer automobilista mais descuidado. Poderá haver vários responsáveis: projectistas, engenheiros ou empreiteiros mas, o último e ao qual devem ser imputadas responsabilidades é a quem aceitou a obra assim.
A reconstrução da capela foi meritória, com o senão do seu permanente encerramento. Ao que nos consta, o investimento na sua reconstrução foi demasiado elevado para ser mais um mono na freguesia, de cujo investimento ninguém tira partido. O apregoado centro de exposições por exemplo? Quando funciona? Há com certeza inúmeros temas que darão vida a outros tantos programas ou exposições que, conjugados, darão uma utilização anual plena para aquele espaço, justificando não só a sua reconstrução mas a movimentação e vinda de pessoas àquele lugar. Dos inúmeros temas a explorar, servem de exemplo: o Rancho Folclórico; a Autarquia (leia-se, da junta à CM) a sua história ao longo dos tempos; a vida eclesiástica em Maçãs, os padres, naturais e de fora; os movimentos associativos em Maçãs, desde o antigo Club às Associações actuais; O mundo do trabalho e a sua evolução, das profissões ligadas ao amanho das terras, o modo como eram executados, os utensílios utilizados, até às profissões actuais, ligadas às novas tecnologias; Maçãs, a sua história e a nobreza que lhe está ligada; As lendas à volta de Maçãs, das suas gentes e do seu modo de vida através dos tempos; etc. etc. Porque não, lançar concursos para trabalhos sobre temas escolhidos, premiar os melhores, e patrocinar a sua posterior exposição?
Pode fazer-se muita coisa, dando utilização e vida não só às infra-estruturas construídas mas, e por consequência à vila que, já se chamou Manzanas, já foi Pereiro e hoje se chama, MAÇÃS DE Dª. MARIA.

Comments:
E porque será que as coisas se fazem ou fizeram assim?
Falta de interesse, de conhecimentos ou ligações perigosas?
Porque será que aceitaram a calçada da praça assim? Andaram a substituir algumas pedras para tapar os olhos a quem?
Quem benefeciou com a aceitação do trabalho assim?
Vá-se lá saber. Um sabemos, foi o empreiteiro. Daí para a frente, é tudo muito subjectivo.
 
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