2007/05/12

 

TRADIÇÕES VIII

QUINTA FEIRA DA ASCENSÃO
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QUINTA FEIRA DA ESPIGA OU FESTA DA ESPIGA
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..........O mês de Maio está tradicionalmente recheado de festas solares, próprias de uma sociedade rural e pastoral, ancestralmente ligadas a tradições que remontam aos nossos ancestrais celtas.
..........Mais uma tradição que ainda se mantém, esta a Quinta Feira da Espiga, associada à Quinta Feira da Ascensão, que se comemora este ano, no próximo dia 17 de Maio. Nesta data do calendário litúrgico, a Igreja católica comemora a ascensão de Jesus Cristo ao Céu, e reza a história religiosa que:
"Quarenta dias depois da ressurreição que se celebrou pela Páscoa, Jesus apareceu pela primeira vez aos discípulos em Jerusalém e levou-os ao Monte das Oliveiras. Depois de lhes ter renovado a promessa do Espírito Santo, ergueu as mãos ao céu e abençoou-os. Nesse mesmo instante, começou a elevar-se no espaço e não tardou que uma nuvem o ocultasse aos olhos dos assistentes. Como estes continuassem a olhar o céu, apareceram-lhes dois anjos a anunciar que Jesus voltaria do mesmo modo que o viram subir. Então, os Discípulos deixaram o Monte das Oliveiras e regressaram a Jerusalém. "
..........A Quinta-feira da Ascensão foi, até certa altura, um dia Santo de muito significado, guardado por todos. Neste dia não se fazia rigorosamente nada. Era um dia santo de muito respeito, dia do mais rigoroso descanso e respeito especialmente pela Hora. A Hora da Ascensão de Jesus Cristo ao Céu. Dizia-se que o pão amassado nesse dia não levedava e era corrente na boca de todos, a seguinte quadra:
Se os passarinhos soubessem
Quando era a Ascensão
Não comiam, nem bebiam
Nem punham os pés no chão
.......... A Quinta-feira da Ascensão é também conhecida por "Quinta Feira da Espiga", ou "Dia da Espiga". A "Festa da Espiga" é um acontecimento que está imbuído de um grande significado ao nível das manifestações tradicionais das nossa gentes, uma vez que revela aspectos verdadeiramente ancestrais que estão relacionados com as nossas próprias raízes culturais e que, portanto, nos leva a ter uma atitude bastante mais reflexiva em relação à nossa própria identidade como seres humanos e sociais que somos.
..........Tradicionalmente, nesse dia, as pessoas vão pelos campos apanhar a espiga de trigo e outras flores silvestres, fazendo ramos simbólicos da fecundidade da terra e da alegria de viver. E o que é então a espiga? Nesta região, é habitual fazer-se um ramo com espigas de cereal, malmequeres brancos e amarelos, papoilas, folhas de oliveira e alecrim. Cada um destes elementos tem no entanto um significado:
- A espiga simboliza o pão, para que nunca falte comida no lar, (símbolo alimento)
- Os ramos de oliveira simbolizam azeite e paz, tal como a pomba da paz que carrega no bico uma folha de oliveira (símbolo da luz).
- As flores simbolizam a alegria e depois, cada uma tem um significado conforme a sua cor:
- o malmequer é ouro e prata, (símbolo abastança).
- a papoila, amor e vida .
- o alecrim, saúde e força.

Estes ramos guardam-se em casa durante um ano, detrás da porta de entrada, até que sejam substituídos pela “espiga” do ano seguinte, na esperança que atraia a paz, a alegria e a abundância de pão.

..........Crê-se que este costume tenha as suas raízes num antigo ritual cristão que consistia na bênção dos primeiros frutos. No entanto, e por ter tanta ligação com a natureza, as suas características fazem adivinhar origens mais remotas, muito provavelmente em antigas tradições pagãs, associadas às festas em honra da deusa Flora, que ocorriam nesta altura do ano. Atente-se neste verso, que nos dá uma ideia da ligação da festevidade deste dia à natureza:
Quando chove em dia de Ascensão, até as pedrinhas dão pão”
..........Em Maçãs, era habitual as pessoas deslocarem-se em grupos, p’rós terrenos do Bairro Industrial, na vizinha freguesia de Aguda. Aí se faziam piqueniques, e se colhiam as espigas durante a tarde, ao fim da qual se organizavam os tradicionais ”bailes da espiga” para divertimento e alegria de todos.
..........Hoje em dia, esta tradição já não conta com tantos “adeptos” pois o ritmo de vida é bastante diferente do que se vivia no tempo dos nossos avós e nem todos têm a disponibilidade para esta tradição, num dia que, não sendo já feriado, é mais um dia na labuta normal da vida diária.
..........Assim sendo, resta-nos desejar-lhes uma vida cheia de espigas de trigo, folhas de oliveira, alecrim e muitas, muitas flores.

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