2006/12/03

 

UTOPIA

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Utopia, termo muito em voga nos encontros de amigos, nas conversa de café. “É só utopia. São uns utópicos, etc.
Utopia: lugar que não existe s.f.país ideal em que tudo estaria organizado da melhor forma para a felicidade completa da população (tal como foi idealizado por Thomas More e outros utopistas);sonho; fantasia; aspiração ;ilusão; projecção de um futuro ideal; quimera, fantasia, concepção irrealizável. Existe no entanto, uma contradição no conceito de utopia, porque, se por um lado ela é um não lugar, por outro lado ela implica um desejo, o de ver esse não lugar realizado, sonhando-o, descrevendo-o, procurando até concretizá-lo em termos físicos. As pessoas quando falam em paz no mundo, num mundo sem pobres, progresso e desenvolvimento em Maçãs, terra que o governo desconhece, apelidam logo estas ideias como utopias, ou seja, algo que nunca poderá acontecer… Mas porque não poderá acontecer??? Tenho a certeza que não é por isso ser muito difícil, mas porque as pessoas não têm vontade de mudar, já estão habituadas a um mundo bipolar, numa parte pobre e outra rica, uma parte do mundo com paz (aparente) e outra parte com guerra. Numa parte o chefe da outra os subalternos. Mas, enquanto o mal não nos bater à porta, não acreditamos que a guerra ou acabar com ela, o progresso, o bem estar, o desenvolvimento social e económico, são uma missão de todos e não apenas daqueles que estão na linha da frente. Vivemos num mundo de cobardes, de egoístas que nada fazem e se desculpam com as utopias… Elas não existem, nós é que as criamos para nada fazer-mos, e aqueles que algo fazem são apelidados de destabilizadores, extremistas, vermelhos, malucos ou doidos. “Paulo Coelho pergunta num dos seus livros: “Quem são os verdadeiros malucos? Aqueles que acreditam em utopias e nada fazem para as destruir, ou aqueles que acreditam que as podem destruir? Se pusemos um homem na lua, não conseguimos acabar com a fome no planeta?” O que a utopia tem de errado, é o facto de pretender reconstruir a sociedade como um todo, suplicando mudanças generalizadas, cuja aceitação social é duvidosa, porquanto representa uma ruptura com o quadro social existente e cujas consequências práticas são difíceis de calcular. Um político, ou não, poderá ter em mente um modelo da sociedade, e acreditar ou não que o homem tem a possibilidade de vir um dia a criar uma sociedade ideal e perfeita. Mas a arte do possível é combater as deficiências mais prementes e profundas da sociedade em vez de procurar estabelecer, no imediato, um ideal supremo, a ideia absoluta. Em vez de olharem narcisicamente para o seu umbigo! As instituições políticas, económicas e sociais serão sempre, desde que se viva em regime democrático, o resultado de um compromisso face a circunstâncias do processo político e social anterior, da gestão, certa ou errada, dos equilíbrios entre interesses corporativos e o bem-estar colectivo, etc. Esse compromisso pode ter conduzido a situações que prejudiquem o bem-estar colectivo e conduzam à estagnação económica da sociedade. Essas situações podem e devem ser combatidas. Todavia, não podem ser combatidas em termos de construir uma sociedade ideal alternativa. Uma sociedade não pode parar para reconstrução. Não é possível fazer tábua rasa de uma situação existente. Essas situações, podem porém ser combatidas em termos de ajustamentos, mais ou menos controversos e capazes de mobilizar a opinião pública . Caminhamos dia a dia para o empobrecimento. Maçãs continua a viver do nacional porreirismo. Somos uns conformados que nos habituámos a ser espectadores da vida que nos rodeia e que nos passa totalmente ao lado. Um dia fomos a maior freguesia das Cinco Vila e Arega. Hoje somos mais uma freguesia que fica na cauda do pelotão regional. Exportamos os génios e nada lucramos com isso. Vai-se sobrevivendo e observando a apatia reinante, o desenvolvimento e progresso são uma miragem. Socialmente reina a intolerância, o ciúme a mesquinhez. Salvam-se aqueles que vivem da utopia. Na crença de um futuro melhor, que todos juntos podemos fazer mais e melhor, que só assim vale a pena lutar, que a terra onde vivemos pode ser um local maravilhoso, cheio de vida e bem-estar, onde os ricos dêem uma mão aos mais pobres, onde a democracia, a igualdade e a fraternidade existam. Que existe amor e amizade e que na nossa terra, as crianças têm razões para sorrir e serem felizes. Este é um mundo utópico, mas é assim que vale a pena viver. Tentar compensar o mal com o bem, o mau com o bom. Dizer aos nossos filhos que os amamos, e educá-los para que saibam dar valor às coisas. Será utopia, acabar com o racismo, falar verdade, querer o progresso, acordar na esperança, querer a paz?! Será esta vontade uma utopia? Tudo isto será muito bonito, terá decerto o seu quê de poético, mas não podemos guiar-nos por utopias, não podemos viver com base nelas. Mas o que é afinal a utopia? "Um dia um aprendiz de filósofo chegou junto do seu velho mestre e perguntou-lhe: -Mestre, podeis explicar-me o que é a Utopia? O velho sorriu e apontando para o caminho à sua frente, disse: -Estás a ver a linha do Horizonte? Caminhemos até ela! Durante dias e noites, caminharam Mestre e aprendiz lado a lado, tão entretidos e concentrados, que, quem olhasse, não saberia quem ensinava e quem aprendia. Durante dias e noites, trocaram saberes e ideias, partilharam o que cada um sabia sobre o mundo dos homens e dos deuses, até que o aprendiz, já impaciente e um pouco cansado, disse: -Mestre...caminhámos durante tantos dias e parece que a linha do horizonte está cada vez mais distante?! -Sim, é verdade – disse o velho – tal como a Utopia, parece que quanto mais caminhas para ela, mais longe está! -Mas...Mestre!? Se é assim...para que serve então a Utopia? -Para caminhar, meu bom amigo...serve para caminhar!..." Mas a ideia subjacente a este texto é outra bem diferente. É que a fantasia de um mundo melhor, do progresso da nossa terra, do bem-estar colectivo, a utopia, esse lugar ideal que não existe, é o que nos inspira a caminhar. Chegar lá não é o importante, o importante é o percurso que se faz. E o percurso só se faz porque existem ideais, projectos a atingir, ou a procurar atingir. Ideias, projectos, vontade...e respeito.

Comments:
boa meu
 
Ler o texto é concluir que o mesmo pode ter interpretaçõs variadas.
Mas, como não pode deixar de ser, retratemo-nos nele.
 
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